31 de julho de 2012

Os Mistérios e Assombrações do Bloco 5

No condomínio que morei, quando criança, existiam varias lendas de assombrações e cemitérios escondidos em baixo dos prédios, cada bloco tinha uma assombração de estimação, mas nenhum dos blocos superava o bloco 5, varias pessoas chegaram a se mudar dali para fugir das assombrações. Toda semana acontecia algo assombroso no bloco 5, quando a minha mãe (que era a sindica) precisava ir ao bloco 5, ela se benzia e rezava antes de colocar os pés naquele bloco, esse bloco era tão assombrado que ganhou o apelido de “Bloco Zé do Caixão”.
Eu e outras crianças do condomínio morríamos de vontade de ver uma assombração, algumas vezes agente ia brincar no bloco 5 só para ver se viamos algo, mas apesar de algumas janelas batendo sozinhas (e sem vento) e alguns barulhos estranhos, nós nunca tinhamos visto nada. Um dia decidi fazer um grupo para explorar o bloco 5 à noite. Convidei um amigo que convidou outro amigo, que convidou mais dois... no final das contas eram 15 crianças querendo passar a noite em claro na procura por assombrações. Nós decidimos fazer essa “expedição” (para quem era criança aquilo era um máximo da aventura) num final de semana, das 15 crianças apenas 5 tiveram coragem para enfrentar o desafio... Ficou combinado que iríamos pousar na casa do Marquinho e à noite iríamos sair de fininho (como a mãe do Marquinho tomava remédios para dormir e uma vez dormindo ela não acordava nem com um terremoto, iria ser fácil sair de fininho), ficou combinado também que cada um iria levar uns suprimentos para ajudar a passar a noite, quem não pudesse levar suprimentos teria que levar algo para ajudar na caçada ( lanterna, mochila, crucifixo, alho, estilingue...).
Como havíamos combinado, fomos passar a noite na casa do Marquinho, colocamos os pijamas e fingimos que fomos dormir, quando escutamos os roncos da mãe do Marquinho, agente trocou de roupa, pegou os suprimentos e saímos de fininho pela porta.
Estávamos todos excitados, era a primeira vez que a maioria ficava acordada após a meia noite. Cortamos caminho pelo bosque, sempre tomando cuidado para não sermos pegos pelo segurança (como ele vivia dormindo, não iria dar problemas)
A noite tudo fica mais assustador, apesar de felizes pela grande aventura, estávamos com tanto medo que ninguém se desgrudava do grupo. A parte mais assustadora foi entrar no bloco 5 depois da meia noite, ele já era macabro de dia, a noite ele ficava mais macabro ainda.
Pé por pé, devagarinho, iniciamos a explorar o bloco 5, começamos no térreo e pelas escadas nos fomos galgando andar por andar, até chegarmos no 6° andar, que era o último, dai decidimos descer andar por andar. Procurando em todos, subimos do térreo para o 6° andar diversas vezes, sempre à procura de assombrações e filmando tudo, tínhamos levado uma câmera, já que gravar um filme de um fantasma iria ser uma boa prova e uma boa oportunidade de aparecer na TV... Assim, tratamos de gravar tudo, mas depois começou a acabar a fita e a bateria, então desligamos a bendita filmadora e só ligaríamos de novo quando encontrássemos um fantasma.
Depois de 2 horas de buscas, bateu uma fominhaaaaa... Então, sentamos juntos nos degraus das escadas e montamos um piquenique ali mesmo. No final do piquenique, escutamos, nitidamente, um choro de criança. Todos se borraram de medo, apesar das penas estarem tremendo eu desci as escadas. Além de me arrastar nas pernas bambas, eu tive que arrastar os outros em pior estado e, mesmo apavorados, a nossa curiosidade era ainda maior. Assim, fomos até a origem do som, o andar térreo. Ligamos a filmadora e procuramos a assombração, então começamos a ouvir barulhos vindo do mesmo lugar, parecia dois bebês chorando. Andamos de um lado para o outro procurando a assombração, mas, o que acabamos por encontrar foi um casal de gatos namorando... Ah!... Foi um alivio... Depois ficamos com raiva e enxotamos os gatos que estavam no cio...
Já eram quase 5 da manhã e nada de assombração, espírito, fantasma, capeta, saci, mula sem cabeça, cuca... nadaaaaa, agente procurou, procurou muito e nada. Estávamos decepcionados e pensando em desistir da idéia de achar um fantasma, nos juntamos no 2° andar para decidir se ficavamos mais um pouco ou se íamos embora. Começamos a discutir se ficávamos ou não, quando, de repente, a nossa conversa foi interrompida por passos subindo as escadas, “Vixe Maria!” Tem gente vindo e vai nos ver...” (pensei comigo), ficamos mudos, morrendo de medo de ser o vigia e que ele nos dedurasse para nossos pais.

Para nossa surpresa era uma bonita menina da nossa idade que saiu do vão das escadas, ela era pálida, de cabelos longos e castanhos e usava uma camisola branca longa, que arrastava no chão, até ai tudo bem, não tinha nada de mais, ela foi para o outro lado do corredor e entrou em um dos apartamentos. Andava devagar e parecia nem ter nos notado. Mas, um detalhe estranhíssimo chamou-nos a atenção e deixou-nos arrepiados: ela entrou sem abrir a porta que estava fechada... Deus nos acuda!... Quando nós percebemos o que acabara de acontecer, bem às nossas vistas, bateu um terror avassalador, uma sensação medonha, e saímos voando dali direto para o apartamento do Marquinho. Passou o resto da noite sem dormir, com medo da assombração voltar, a maioria ficou uma ou duas semanas sem dormir e nenhum de nós ousou sequer pensar em passar perto do bloco 5 outra vez... A grande frustração foi não ter filmado a assombração.

Fonte: www.alemdaimaginação.org.com

30 de julho de 2012

Uma História de Amor e Lealdade



Os cães da raça Skye Terrier são oriundos da ilha de Skye e são conhecidos por sua lealdade e companheirismo. Bobby, um cão Skye Terrier ainda novo, era o fiel companheiro de um polícial chamado John Gray. John e o cão converteram-se em amigos inseparáveis, estavam sempre juntos, especialmente à noite quando o Bobby não arredava do tapetinho ao pé da cama de John, notadamente durante a doença do seu dono, acometido de tuberculose. Esta cumplicidade perdurou até o ano de 1858, quando John morreu e foi enterrado no cemitério Greyfriars. Seu cãozinho acompanhou o féretro do seu dono até terminar seu sepultamento. 

                                                                        Túmulo de John 

A partir daquele dia, durante 14 anos, diariamente, Bobby dirigiu-se ao cemitério e permaneceu ao pé da sepultura de seu dono, durante a noite. Mesmo com chuva, frio e madrugadas nevadas, o fiel cãozinho nunca deixou de ir para perto do seu dono, nem a velhice, as doenças e a visão deficiente impediram-no de visitar o lugar que sabia guardar o que restava de John. E assim foi até sua própria morte em 1872. Bobby foi encontrado morto, deitado sobre o túmulo de John.
Mas, onde ficava e o que fazia Bobby durante o dia, após a morte do seu dono? Ora, não lhe faltaram amigos e pessoas que o alimentassem, pois tornara-se um cãozinho famoso e querido devido à sua amizade e lealdade à memória de John. Além disso, o Castello de Edimburgo era um dos lugares favoritos de Bobby, resultando dessa sua preferência o surgimento de uma tradição que ligou o cãozinho ao Castelo de Edimburgo: trata-se do disparo de canhão que passara a ser dado diariamente às 13 hrs. 
Conta a lenda que um capitão de marinha visitou Edimburgo em 1860. Quando voltou a seu lar, informou que tinha visto uma cidade maravilhosa, cheia de construções e monumentos esplêndidos, onde viviam homens sábios e belas mulheres. Tinha só um problema, ninguém sabia a hora correta do dia. Tinham suficientes relógios, mas nenhum deles indicava o mesmo horário.
Em 1861, a situação foi corrigida quando os servidores públicos da cidade decidiram que fosse feito um disparo de canhão todos os dias no castelo. Desse modo, todos os cidadãos poderiam ajustar seus relógios.
Ao mesmo tempo em que esta tradição começou, Bobby ficou amigo de um soldado nos quartéis do castelo, seu nome era Scott, que apresentou a Bobby a seus amigos e todos deram as boas-vindas ao novo camarada peludo. Uma das responsabilidades do sargento Scott era a de ajudar a disparar o canhão e Bobby sempre o seguia às rampas do castelo para ser testemunha da ação.
Imediatamente após o disparo, Bobby se dirigia a um restaurante chamado "The Eating House", onde o dono regularmente lhe dava o seu almoço.
Logo ele se converteu em uma atração diária. Uma multidão frequentemente reunia-se nas portas do cemitério ou do restaurante para esperá-lo. Bobby não perdia tempo com sua comida. Nem bem terminava, corria para o cemitério para se sentar pacientemente ao lado da sepultura de John Gray.
O cãozinho é uma parte querida da história de Edimburgo, sua coleira e seu prato são preservados na Casa Huntly, o museu dedicado à história da cidade.
Após a morte de John Gray, Bobby não tinha dono oficial. Era amado e regularmente alimentado pelas famílias e comerciantes situados ao redor do cemitério, mas ninguém tinha pago a sua licença, motivo pelo qual, mais dia menos dia, seria levado pela carrocinha.
O Sr. James Brown que cuidava do cemitério, contou como encontrou Bobby deitado sobre o túmulo, à manhã seguinte do enterro. Como era proibido a permanência de cães no cemitério, o Sr. Brown perseguia o cãozinho até tirá-lo dali, mas na manhã seguinte ele voltava. Uma e outra vez Bobby foi afugentado ate que o Sr, Brown ficou com pena e permitiu que ficasse. 
Ainda nos dias de clima mais horrível, Bobby não abandonava sua posição, e com freqüência latia naqueles que tentavam convencê-lo de que ficasse em suas casas.
Felizmente para Bobby, o prefeito da cidade, Sir William Chambers era um amante dos cães. Como chefe do município, era um homem poderoso e quando o assunto da licença de Bobby surgiu, pediu para conhecer o cãozinho. Sir William ficou encantado com ele e decidiu pagar por sua licença indefinidamente. Ele deu uma coleira a Bobby, a que se encontra hoje no museu, e um prato de bronze com a seguinte inscrição: "Greyfriars Bobby do Prefeito, 1867, autorizado". 
A área da cidade antiga por onde Bobby perambulava e agora se encontra sepultado, tem muitos exemplos de belos monumentos dos séculos XVII e XVIII. 


Um ano após a morte de Bobby, a Baronesa Burdett Coutts mandou esculpir uma estátua e uma fonte para comemorar a vida de um cão devoto e a história de uma amizade que superou a morte. A estátua está a poucos passos do cemitério e atrás dela, há um pub que leva o nome do cãozinho em sua honra.


                                                                Sepultura de Bobby


24 de julho de 2012

Primeira Fotografia da Alma Humana



Uma operação cirúrgica que se complica uma paciente morta e uma foto misteriosa que oferece uma versão surpreendente do que sucedeu na sala de operações. De fato, pela primeira vez na história se consegue plasmar no papel a imagem da alma humana. Um acontecimento fora do normal revolucionou ao mundo médico e científico, reformulando uma vez mais possibilidade da vida depois da morte.
Tudo começou com uma intervenção cirúrgica num hospital de Frankfurt Alemanha. A paciente faleceu sobre uma mesa de operações, mas o insólito do caso viria dias mais tarde, quando uma das fotos tomadas
durante a operação revelou a existência do espírito da mulher. Tudo isto, pegou por surpresa pesquisadores e céticos, já que a foto existe e muitos puderam vê-la.

Uma operação sem riscos

Quando Karin Fischer, uma dona de casa alemã de 32 anos, foi internada no hospital Frankfurt para submeter-se a uma operação, estava muito longe de imaginar a surpresa e as conseqüências que traria sua estadia na sala de operações. De fato, também não suspeitava que fossem seus últimos momentos de vida. A intervenção a que ia submeter-se, ainda que não fosse simples, também não era de alto risco; iam corrigir-lhe umas válvulas defeituosas que tinha implantada no coração. Mas algo saiu mal e uma série de complicações fez com que seu coração deixasse de bater depois de quarenta e cinco minutos do início da operação. Nos controles, o monitor cardíaco assinalava o estado de morte com uma linha reta que percorria a tela. Nenhuma das doze pessoas da equipe viu nada do que revelava a fotografia.

A fotografia surpresa

No momento de seu falecimento, Karin se encontrava rodeada de doze pessoas, todos eles membros da equipe de cardiologia: médicos, técnicos e enfermeiras comprovaram como todos os esforços para tentar reavivá-la eram inúteis. O professor Peter Valentín, diretor do Departamento de Divulgação Didática do hospital também estava na sala de operações. Naquela ocasião sua tarefa consistia em manejar uma câmara de fotos. É muito freqüente que, durante as intervenções, que se fotografe, ou se filme o trabalho dos cirurgiões; a fotografia ou filme é utilizado depois, para a divulgação científica, os arquivos médicos e, sobretudo, para as classes universitárias na faculdade de Medicina.
Também foi o professor Valentín quem, poucos dias depois, depois de recolher o carretel do filme no laboratório e ver as cópias, não pôde conter sua surpresa. Uma das fotografias mostrava, com toda clareza,
como uma forma humana, difusa e transparente, elevava-se para o teto com os braços abertos. Era a foto de um espírito e além disso, estava saindo do corpo da falecida! O Papa JOÃO PAULO II recebeu uma cópia e os pesquisadores do Vaticano a estão analisando.



20 de julho de 2012

A Casa Mal Assombrada


Minha familia havia comprado um sitio muito antigo na cidade de Pinhal do Sudoeste, corria uma história na cidade de que a antiga dona da casa havia sido assassinada pelo seu ex-amante a punhaladas dentro de um dos quartos, por isso aquele sitio era assombrado, ninguém deu muita importancia ao fato, achavamos que era coisa de caipira.
Já na primeira noite, eu que não acreditava nessas coisas passei a respeitar todas as lendas e hisória que o pessoal conta pelo Brasil afora. O sitio era bem grande e antigo com uma aparencia sinistra, tinha 4 quartos, a cozinha não era ligada com o casarão antigo, nem o banheiro, por isso a noite eu tive que dar a volta pela casa para conseguir urinar, neste momento pude perceber alguem parado próximo a um arbusto me observando, nem fui ao banheiro, voltei correndo o mais rapido que pude e enfiei-me em baixo dos lençóis, passando a ouvir varios ruidos pelo corredor, arranhando as paredes, e as vezes até uns gemidos de dor, até que de repente tudo ficou no mais absoluto silencio, ouvindo apenas os animais noturnos.
Quando amanheceu o dia não contei nada a ninguém. O dia estava correndo normalmente, vez ou outra, viamos algum animal andando pelas arvores ou colhendo frutos no chão, a tarde passou e a noite chegou. Noite sem lua. escura e amedrontadora naquele lugar ermo.
Eram aproximadamente 2:00hs da manhã, quando o barulho começou novamente, eu tremia todo de medo, a porta do quarto estava entreaberta, como não havia iluminação elétrica no sitio (o sitio era bem antigo, mesmo), minha mãe deixou uma lamparina no meio do corredor, isso fazia com que eu conseguia ver se alguém passava diante do meu quarto, quando percebi alguém andando em direção ao quarto dos meus pais, achei que fosse minha mãe, pulei da cama corri para o corredor, pois estava com medo e tinha um sofá velho no quarto dos meus pais eu achei que minha mãe deixaria eu dormir lá, já que esta seria nossa ultima noite naquele sitio velho e bizarro.
Assim que alcancei minha mãe no corredor eu a toquei pelo ombro, e tomei um susto enorme, não era a minha mãe, era uma outra mulher em estado de decomposição, no lugar de seus olhos, percebi apenas manchas de sangue, gritei e sai correndo em direção ao meu quarto, joguei-me em cima da cama e a figura monstruosa estava parada na porta do quarto olhando para mim, não me lembro de ter visto meu irmão, porém ouvi seu grito, chamando meu pai, quando olhei novamente em direção da porta, já não havia mais ninguém, segundos depois entraram meu pai e minha mãe no meu quarto, eu contei o que havia acontecido mas eles não se importaram muito, até o meu irmão dizer que havia visto alguém parado na porta do meu quarto, ele achou que fosse minha mãe, e a chamou, mas quando ela virou ele percebeu que não, ele viu que era uma mulher velha e feia com o rosto pálido que parecia que ela estava morta.
Parece que quando meu irmão contou essa história, meus pais perceberam que não era pesadelo que eu tive, pois nunca ouvi casos de pessoas que partilham seus pesadelos. Nós ficamos com aquela casa sinistra cerca de 3 anos, até que de tanto eu não mais aparecer por lá , meus pais resolveram vender o sitio.




15 de julho de 2012

Viagem Astral


A experiência que passo a relatar ocorreu cerca de um ano após o falecimento do meu segundo marido, de quem eu sentia uma imensurável saudade e um intenso desejo de vê-lo, nem que fosse em sonho. Sou espírita e, portanto, sei que não sou médium vidente nem auditiva. Assim, não tinha esperanças de ver o seu espírito. O tipo de mediunidade que tenho é apenas a que me permite momentos de desdobramentos e, quando freqüentava sessões de mediúnicas, psicografava e chegava perceber a presença de espíritos, em minha mente, com clareza suficiente para descrever suas fisionomias, trajes e ambiente em que viviam. Como me assustavam esses fenômenos, preferi deixar de participar em tais reuniões.
Pelas minhas lembranças da infância e juventude, acredito que o fenômeno do desdobramento (ou viagem astral) aconteceu várias vezes, sem que eu tomasse consciência do que estava me acontecendo. A primeira vez que me veio a consciência de que foi numa tarde em que, deitada no assoalho da sala, tentava relaxar a coluna que estava dolorida. De repente, vi-me em um lugar desconhecido, muito bonito, arborizado como se fosse um imenso parque. Eu caminhava sobre uma espécie de passarela que separava o enorme parque ajardinado em duas partes. Do lado direito, o piso era recoberto com uma grama verde escuro e tinha árvores frondosas de uma espécies que nunca vira antes, da mesma forma que não reconheci as plantinhas floridas que compunham os canteiros situados do lado esquerdo. Eu me via de pés descalços, trajava uma roupa longa de tonalidade azul, de tecido leve com discreta transparência e sentia algo no meio das costas que me parecia uma trança longa (eu tenho os cabelos curtinhos). A passarela longa fazia uma curva para a esquerda. Curiosamente o material que a revestia era diferente de qualquer um que conhecia: eram lajotas quadradas, como se fossem feitas de vidro azulado, com uma luminosidade opaca linda. De início eu prestava atenção aos detalhes que descrevi, Quando levantei a vista para a frente foi que percebi a curva da passarela, as árvores que formavam um extenso bosque e, a esquerda do terreno, uma construção baixa, de cor rosa, de onde se podia ouvir ruídos de vozes. Mas, o que me chamou mais atenção foi a presença de um homem, de costas, trajando um terno cinza, de cabelos grisalhos na altura do ombro, que pintava numa tela, com moldura dourada, o busto de uma mulher, certamente de memória, pois não havia nenhuma modelo pousando.

Pude ver que havia pendurados nas árvores próximas a ele vários quadros pintados com a mesma imagem feminina que estava pintando, vestida com trajes do século XIX. O vestido era cor de melão, com mangas bufantes, ornada com a mesma renda que rodeava o decote, rematada com um arranjo de flores, igual ao que havia no chapeuzinho de palhinha, preso por uma fita vermelha, da qual esvoaçavam duas pontas do lado esquerdo. Era uma linda e jovem mulher. Do lado direito, estavam pendurados nas árvores, várias cópias de uma mesma fotografia que retratava um casal de meia idade, sorridentes e se olhando nos olhos: Era ele com os mesmos cabelos grisalhos e uma mulher de meia idade, bonita e feliz.
Emocionada, dei-me conta que aquele homem, que nem me estava vendo, era o meu falecido marido.. Nesse momento tentei apressar o passo para chegar perto dele e poder dar o abraço de despedida que sua morte súbita não ensejou. Fiquei ansiosa para falar com ele... Apressei mais o passo... Mas, de repente, uma espécie de campo de força, potente e invisível, impediu que eu prosseguisse. Por mais que eu tentasse, não conseguia atravessar aquela barreira invisível.
Contudo, estava próxima dele o suficiente para ver que estava acabando de pintar mais um retrato da mesma mulher jovem trajada à moda antiga.

Ele olhava para a tela enquanto com um pano branco na mão esquerda, limpava os 3 pinceis que usara, enquanto repetia o nome da mulher retratada, de forma bem audível e pausada, como quem acha o retrato tão exatamente igual à imagem guardada na memória, que a chama como se viva e acessível fosse: -“BIA... BIA... BIA...

A mulher de meia idade do quadro em que está com ele, e a mulher jovem vestida à moda antiga são a mesma pessoa em épocas diferentes: EU MESMA...   BIA era como ele me chamava...  




13 de julho de 2012

O JUSTIFIICADO TEMOR DO SEPULCRO

Como a maioria das pessoas, o médico e escritor Pedro Nava, nascido em junho de 1903, não estava livre da preocupação de ser sepultado ainda com vida. Recomendou que só o enterrassem 24 horas depois de morto.
Talvez o caso acontecido com o ator e compositor António Maria. o tenham alertado. Autor de músicas de sucesso como “Ninguém me Ama” e “Se eu morresse amanhã”, António Maria faleceu aos 43 anos de um ataque cardíaco, segundo atestaram os médicos em seu atestado de óbito. Tempos depois, ao serem exumados os seus restos mortais, sua ossada foi encontrada em decúbito ventral, ficando evidente que fora enterrado vivo e se revirara na luta desesperada para sair dali. Pobre António Maria...
Outro caso impressionante aconteceu com José Cândido Pessoa de Melo, residente em São José de Mipibu (RN). Mecânico competente, que participou da construção da antiga ponte de ferro que ligava Natal ao povoado de Igapó, passando sobre o rio Potengi.
Em 1922, recebeu de seu primo, o Presidente Epitácio Pessoa, um convite, extensivo a D. Estefânia, sua esposa, para assistirem, no Rio de Janeiro, os festejos comemorativos do centenário da independência. 
As freqüentes crises de asma alérgica o impediram de viajar. Ninguém mais do que ele temia mais ser sepultado vivo. Esse temor vinha de um sonho do seu irmão. Nele, o seu pai, Joaquim Rafael Pessoa de Melo queixava-se de haver sido sepultado ainda com vida. Encontrava-se, dizia, de bruços, posição a que fora levado ao debater-se, consciente de sua desesperada situação.
Anos depois, o filho, com ansiosa expectativa, assistiu desenterrarem os restos mortais do pai, e viu, consternado, confirmar-se o sonho que tanto o preocupara. Seu pai estava de bruços, exatamente como lhe dissera no sonho.
Daí a sua obsessão, que não o abandonou, até falecer em 1926, às 9 horas da manhã de junho, aos 55 anos de idade. Cumprindo um insistente pedido do marido, D. Estefânia só permitiu o enterro no dia seguinte, no mesmo horário em que falecera. Para ser mais exato, o féretro só deixou a sua residência depois que o relógio da Matriz fez soar as 9 pancadas misturadas com os plangentes dobres de finados. Na verdade, permaneceu insepulto mais do que as 24 horas que tanto pedira.

Autor: José de Anchieta Ferreira. Histórias que não estão na história, RN-Editora 1998


12 de julho de 2012

Um encontro assombroso e terrível


A cidade de Redenção da Serra, aqui bem perto de nós, é um local agradável e cheio de gente que gosta de contar casos. Dizem que tem este nome em homenagem ao fato de a cidade ter libertado seus escravos em 10 de fevereiro de 1888, três meses antes da abolição oficial dos escravos no Brasil e que foi assinada pela Princesa Isabel. Lembrei-me desta visita porque acabo de receber pelo correio o livro de Maurício Pereira “Causos de Assombramento em Quadrinhos”, muito bom, por sinal. Há alguns anos estive na cidade em busca de uma destas prosas boas e encontrei na parte velha da cidade, próximo à majestosa construção da antiga Igreja Matriz, o senhor Antônio Viana Prata, descendente de italianos, mais especificamente de Veneza, imigrantes que se instalaram na região. Seu Antônio Prata, como é conhecido, nasceu em 1920 e foi criado em Redenção da Serra. Acanhado e atento num primeiro momento, ele é o perfil do homem valeparaibano, só conta algo depois que tem uma certa confiança, e com razão.
Qualquer pessoa que precise de um fato ocorrido na cidade, procura por ele. E foi exatamente dele que escutei coisa tão interessante. Contou-me que, há muitos anos, trabalhava na fazenda Gramado onde retirava leite e lenha. Vinha de vez em quando para a cidade nova vender lenha e foi numa destas idas e vindas que se encontrou com a assombração de Alexandre Barreto.
Passava ele pela ponte da cidade, quando a assombração, magra, calçada com os dois pés numa mesma bota e soltando um brilho amarelo pela boca sorrindo horripilantemente, pulou em sua carroça. A assombração sacudiu tanto a carroça que ela caiu da ponte com seu Antônio e tudo mais que carregava, inclusive o cavalo.
Seu Antônio só foi encontrado e acudido no dia seguinte. Ainda viu a assombração mais algumas vezes e sempre que a via, a criatura arreganhava os dentes colocando para fora da boca um brilho amarelo. Segundo seu Antônio Prata, Alexandre Barreto era um fazendeiro muito genioso e o povo dizia que fizera muita ruindade na região. Quando o fazendeiro morreu, durante o velório, o povo que lá estava velando o corpo viu quando, dois homens de terno branco (que dizem na cidade, eram dois enviados do demônio) apareceram e retiraram o corpo do caixão e jogaram fora, levando-o ao desaparecimento. Para que ocorresse o enterro, cortaram o caule de uma bananeira, colocaram dentro do caixão e realizaram os rituais fúnebres.
Acredite quem queira, mas eu fiquei duas noites custando a dormir. 

Sônia Gabriel
Courier New 9 (Jornal Vale Mais, julho de 2010



7 de julho de 2012

O desaparecimento inexplicável de Worson

No ano de 1873, no dia 3 de setembro, James aceitou o desafio de quebrar o recorde de velocidade (a pé) do percurso entre as cidades de Leamington e Coventri. Dois amigos então o acompanharam, a cavalo. Um deles, Hammerson Burns, levou sua câmera com ele e ia tirando fotos, enquanto Worson conversava alegremente com eles.
Segundo os amigos eles olharam para a frente por um breve instante quando ouviram um grito de agonia de Worson. Pensando que ele havia tropeçado, eles voltaram para ajudá-lo. Só que não encontraram nada nem ninguém. Worson havia simplesmente desaparecido. Burns até tirou fotos da estrada, que mostrava pegadas de Burns andando normalmente, depois como se ele havia tropeçado e depois mais nada, como se ele não houvesse mais tocado o chão. Eles chamaram a polícia, que levou os cães farejadores. Por algum motivo, os bichos não queriam se aproximar do local em que James havia caído. Worson nunca mais foi visto. Como explicar tal desaparecimento? Mistééééério!


6 de julho de 2012

Um espectro de fogo

O navio holandês Palatine zarpou de Amsterdã em 1752, levando cerca de 300 imigrantes para a América. Após uma viagem terrivel, atormentada por tempestades, a embarcação teve um fim calamitoso por volta do Natal, ao largo da Ilha Block, na entrada do estreito de Long Island.

Segundo um relato, saqueadores de naufrágios usaram um sinal de luz para atrai-lo para as rochas, saquearam o navio depois atearam-lhe fogo. Os passageiros foram desembarcados, mas quando as chamas estavam consumindo o Palatine, um grito silenciou os saqueadores. Entre as chamas e a fumaça, viram uma mulher solitária e atormentada arrastando-se pelo convés incendiado.

Na época do Natal, um ano depois e nos anos seguintes, os moradores da ilha Block continuaram a assistir a volta do Palatine em chamas. Em 1869, um velho chamado Benjamin Corydon, que crescera no continente em frente a ilha, admitiu ter visto por oito ou nove ocasiões a nave espectral, com todas as velas içadas e em chamas, e que suas visitas haviam cessado quando morreu o último dos saqueadores que o tinham atraido para destruição. Mas talvez ele tenha falado cedo demais, em 1969 foi mais uma vez relatada a aparição do navio fantasmal em chamas.


O diagnóstico de morte, de Ambrose Bierce

'Eu não sou tão supersticioso quanto alguns de seus médicos - homens de ciência, como você o prazer de ser chamado ", disse Hawver, respondendo a uma acusação que não haviam sido feitas. "Alguns de vocês - apenas uns poucos, confesso - acredita na imortalidade da alma, e em aparições que você não têm a honestidade de chamar fantasmas. Eu não vou mais longe do que uma convicção de que a vida às vezes são vistas onde eles não são, mas têm sido - onde eles têm vivido tanto tempo, talvez tão intensamente, como ter deixado sua impressionar tudo sobre eles. Eu sei, de fato, que o ambiente de uma pessoa pode ser tão afetado por uma personalidade como a ceder, muito tempo depois, uma imagem de si mesmo aos olhos do outro. Sem dúvida, a personalidade que impressiona tem que ser o tipo certo de personalidade como os olhos percebendo que ser o tipo certo de olhos -. O Meu, por exemplo '
"Sim, o tipo certo de olhos, transmitindo sensações para o tipo errado de cérebro", disse Dr. Frayley, sorrindo.
"Obrigado, ninguém gosta de ter uma expectativa gratificada. Que é sobre a resposta que eu supostamente teria a civilidade para fazer.
"Perdoe-me. Mas você dizer que você sabe. Isso é um negócio bom para dizer, você não acha? Talvez você não se importe o problema de dizer como você aprendeu. "
"Você vai chamá-lo de uma alucinação", Hawver disse, "mas isso não importa." E ele contou a história.
"No verão passado eu fui, como você sabe, para passar o clima quente na cidade de Meridian. O parente em cuja casa eu tinha a intenção de permanecer estava doente, então eu procurei outros trimestres. Depois de alguma dificuldade consegui alugar uma casa vazia que tinha sido ocupada por um médico excêntrico do nome do Mannering, que tinha ido embora anos antes, ninguém sabia onde, nem mesmo seu agente. Ele construiu a casa e se tivesse vivido na mesma com um velho criado há cerca de dez anos. Sua prática, nunca muito grande, tinha depois de alguns anos foi dado inteiramente. Não só isso, mas ele retirou-se quase totalmente da vida social e tornou-se um recluso.
Foi-me dito pelo médico da aldeia, sobre a única pessoa com quem ele tinha quaisquer relações, que durante sua aposentadoria, ele dedicou-se a uma única linha de estudo, o resultado de que ele havia exposto em um livro, que não se elogiar, a aprovação de seus irmãos profissionais, que, de fato, o consideravam não inteiramente sã.
Eu não vi o livro e não pode agora recordar o título dele, mas me disseram que ele expôs uma teoria bastante surpreendente. Ele sustentava que era possível no caso de muitos uma pessoa de boa saúde para prever a sua morte com precisão, vários meses de antecedência do evento. O limite, eu acho, era de dezoito meses.
Havia contos locais de ele ter exercido o seu poder de prognóstico, ou talvez você diria diagnóstico, e dizia-se que em todos os casos a pessoa cujos amigos que ele tinha avisado tinha morrido de repente na hora marcada, e de nenhuma causa atribuível. Tudo isso, no entanto, não tem nada a ver com o que tenho a dizer, eu pensei que poderia divertir um médico.
"A casa foi mobiliada, assim como ele tinha vivido nela. Era uma casa bastante sombria para quem não era nem recluso nem um estudante, e acho que deu um pouco do seu personagem para mim - talvez alguns do caráter de seu antigo ocupante doente, pois sempre senti nele uma certa melancolia que não estava em minha disposição natural, nem, penso eu, devido à solidão.
Eu não tinha servos, que dormiam na casa, mas sempre fui, como vocês sabem, em vez Amante de minha própria sociedade, sendo muito viciado em leitura, apesar de pouco para estudar. Seja qual for a causa, o efeito foi o desânimo e uma sensação de mal iminente, e isso era especialmente verdade no estudo do Dr. Mannering, apesar de que o quarto foi o mais leve e mais arejada na casa.
O retrato do doutor, em tamanho natural em óleo, pendurado na sala, me parecia completamente para dominá-la. Não havia nada de incomum na imagem, o homem era, evidentemente, de boa aparência, cerca de 50 anos de idade, com o ferro-cabelo grisalho, um rosto bem barbeado e olhos escuros e graves. Algo na imagem sempre atraiu e prendeu minha atenção. A aparência do homem tornou-se familiar para mim, e sim "assombrando" me.
"Uma noite eu estava passando por esta sala para o meu quarto, com uma lâmpada - não há gás em Meridian. Parei como de costume diante do retrato, que parecia à luz do lampião ter uma expressão nova, não facilmente identificada, mas distintamente estranha. Movi a lâmpada de um lado para o outro e observados os efeitos da luz alterada, eram interessantes, mas não me perturbaram. Quando assim engajado senti um impulso para virar. Como eu fiz assim que eu vi um homem atravessando a sala diretamente para mim! Assim que ele chegou perto o suficiente para a luz da lamparina iluminar o seu rosto, vi que era o Dr. Mannering-se, era como se o retrato estivesse andando!
"Eu imploro seu perdão", eu disse, um pouco fria ", mas se você bateu eu não ouvi."
"Ele passou por mim, dentro do comprimento de um braço, levantou o dedo indicador direito, como no aviso, e sem uma palavra passou para fora da sala, embora eu observasse a sua saída não mais do que eu tinha observado sua entrada.
”Claro, eu não preciso dizer-lhe que era isso que você vai chamar uma alucinação e eu chamo de uma aparição. Aquele quarto tinha apenas duas portas, uma das quais estava fechada, a outra leva para um quarto, de onde não havia saída. Meu sentimento em perceber isto não é uma parte importante do incidente.
"Sem dúvida, isso parece-lhe uma" história de fantasma "muito comum - um construído sobre as linhas regulares estabelecidos pelos velhos mestres da arte. Se assim fosse eu não deveria ter relacionado, mesmo que fosse verdade. O homem não estava morto, eu o conheci um dia na Union Street. Ele passou por mim no meio da multidão. "
Hawver terminou sua história e os dois homens ficaram em silêncio. Dr. Frayley distraidamente batia na mesa com os dedos.
"Ele disse alguma coisa?" , ele perguntou - "'qualquer coisa, que levou você a inferir que ele não estava morto?'
Hawver olhou e não respondeu.
"Talvez", continuou Frayley ', ele fez um sinal, um gesto - levantou um dedo, como no aviso. É um truque que ele tinha - um hábito ao dizer algo sério -. Anunciando o resultado de um diagnóstico, por exemplo '
"Sim, ele fez - assim como sua aparição tinha feito. Mas Deus, que bom! você já o conhece? "
Hawver foi aparentemente levado a crescente nervoso.
"Eu o conhecia. Eu li seu livro, assim como cada médico um dia. É um dos mais marcantes e importantes contribuições do século, à ciência médica. Sim, eu o conheci, eu o acompanhava em uma doença há três anos. Ele morreu. "
Hawver pulou da cadeira, manifestamente perturbado. Ele caminhou para a frente e para trás toda a sala, então se aproximou de seu amigo, e com uma voz não totalmente estável, disse: "Doutor, tem alguma coisa a dizer para mim - como um médico? '
"Não, Hawver; você é o mais saudável homem que já conheci. Como um amigo que eu aconselho você a ir para seu quarto. Você toca o violino como um anjo. Vá tocá-lo; tocar algo leve e animado. Deixa este maldito mau pensamento fora de sua mente. "
O Hawver dia seguinte foi encontrado morto em seu quarto, o violino em seu pescoço, o arco na corda, ao seu lado sua música preferida. Falecera antes de abrir a partitura do Funeral de Chopin.


2 de julho de 2012

Um Caso Estranho, de Paulo Corrêa Lopes


Não sei se no momento eu contemplava as águas da enchente ou se pensava em outras épocas, quando uma boca com dentes de outro me interrompeu:
- Tenho ordem de prendê-lo como envolvido no crime da mala.
- Que mala? - indaguei ainda surpreso, como alguém que acabasse de descer de Marte ou de outra região qualquer.
- Siga-me que na delegacia tudo será esclarecido.
Diante do tom autoritário com que a boca com dentes de outro me falava, resolvi seguir o investigador. Atravessamos uma rua deserta, cruzamos uma praça cheia de crianças brincando, desembocamos num largo e por fim entramos num prédio baixo com aspecto de casa de comércio.
Quando menos esperava, fui empurrado para dentro de uma sala escura onde o delegado de plantão me recebeu com ar teatral:
- Então! Custou mas caiu nas mãos da justiça! Ninguém escapa da lei! Confesse, que é a única cousa inteligente que tem a fazer!
A princípio achei graça em tudo aquilo. Pensei mesmo que estava sendo vítima de uma brincadeira de mau gosto. Depois, diante da insistência do delegado, comecei a suar frio. Que sabia eu do crime da mala? É bem possível que alguém, parecido comigo, tivesse cometido o crime pelo qual me acusavam. Há tanta gente parecida no mundo. Ainda há tempos encontrei no bonde um cidadão tão parecido com Henry Fonda que fiquei abismado. Tinha até o jeito de sorrir do simpático artista. Por um pouco não chamei a atenção do cavalheiro para o fato. O próprio delegado, que me interrogava, tinha qualquer cousa de semelhante com o investigador que me havia dado voz de prisão. O verdadeiro culpado talvez se parecesse comigo. Não encontrava outra explicação para tudo aquilo. De súbito fui despertado pela boca com dentes de ouro, que me disse:
- Acompanhe-me.
Segui como um autômato o investigador que me fechou numa sala tão baixa que tive que me curvar para não bater com a cabeça no teto. Justamente no momento em que me curvei, dei com um morto estendido dentro de uma mala meio aberta. Recuei e fiz um grande esforço para não gritar. O morto parece que me acusava com os seus olhos parados, com os seus olhos que vinham de um outro mundo. Tive a impressão de que estava sendo vítima de uma alucinação. Os olhos do morto parece que se dilatavam cada vez mais.
Dominei-me a custo de debrucei-me sobre o morto para examinar melhor a sua fisionomia e não pude conter um grito: o morto era eu. Era eu que estava dentro da mala meio aberta...
"
Paulo Corrêa Lopes
(1898 - 1957 | Brasil)