15 de abril de 2015

O emocionante pedido da mãe falecida pelo seu filho.


Minha mãe tinha uma comadre, medium vidente, que mantinha um centro espírita em sua casa. Esta senhora viera morar em minha cidade, acompanhando o marido que era funcionário do Estado. Eram pobres e moravam num bairro muito distante do bairro em que minha família residia. Assim, só se viam muito raramente, quando havia sessões mediúnicas ou quando minha mãe a visitava, numa época em que o marido estava detido, como preso político, por ter participado do levante comunista dos anos 30 do século anterior.
Numa dessas visitas, a comadre disse à minha mãe que estava vendo uma mulher e um homem junto a ela. Ambos eram magérrimos, pálidos e tossiam muito. Ambos pareciam muito aflitos e tristes. 
Em seguida, a comadre disse que a mulher, que chorava, estava pedindo que minha mãe intercedesse pelos filhos do casal, deixados com a minha avó materna. Pedia que o menino fosse tratado com mais carinho e cuidados, que não fosse tão castigado, pois ele estava sofrendo e triste por não se sentir amado. Que não o tratasse de forma tão diferente da que tratava a menina.

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Claro que a esta altura, minha mãe já entendera que se tratava dos espíritos de sua irmãa Maria de Lourdes e seu marido Heitor, ambos falecidos de tuberculose, deixando um casal de filhos. 
Muito emocionada, minha mãe prometeu que falaria com a minha avó naquele mesmo dia. E assim fez, pois, de fato, minha avó era muito ríspida com o menino. Claro que minha avó ficou impressionada com o que a minha mãe lhe relatou, chorou e prometeu que tudo seria diferente dali por diante. E assim foi. 
Passaram-se alguns meses e minha mãe voltou a visitar sua comadre. Mal começaram a conversar, esta disse que a mulher magra voltara, estava junto à minha mãe, trazendo uma menininha pela mão. Ela estava contente e queria agradecer à minha mãe o que fizera pelo menino, agora bem tratado e feliz. 
Minha mãe pediu que a comadre perguntasse o nome da menininha. A resposta deixou-a emocionadíssima: "ela tem o mesmo nome que eu", respondeu a entidade. Nisto, a comadre fez uma observação que confirmou a verdade daquele fenômeno mediúnico: "é curioso, a menininha está com a camisolinha toda molhada nas costas". 
Só então, minha mãe contou à comadre que as duas eram suas irmãs e realmente tinham o mesmo nome: Maria de Lourdes. 
A pequenina nasceu, enquanto a mais velha morria no quarto vizinho ao quarto em que minha avó dava a luz. Morreu chamando por minha avó, que escutava seus chamados sem poder atendê-la. Para homenagear a filha morta, foi dado seu nome à recém-nascida. 
A pequenina morreu com 4 anos de idade, após ter caído sentada em um tacho de mel fervendo, que a criada pusera para esfriar no chão da cozinha. Daí o detalhe da camisolinha molhada, por causa das queimaduras. 
 Vale salientar que a comadre ignorava esses fatos. Sempre que minha mãe contava esse acontecimento mediúnico, esse contato com sua irmã (a sua preferida) ficava emocionada.
 Havia uma coincidência fatal e triste ligando as duas Maria de Lourdes, além do fato de uma ter nascido, enquanto a outra morria. É que a menininha morreu, também, chamando por minha avó, da mesma forma que fizera a sua irmã mais velha. Coincidência? Ou haverá outra explicação que nosso entendimento limitado não consegue alcançar?


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